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Marshall: mediação e comunicação não violenta, por Genacélia da Silva Alberton

Marshall: mediação e comunicação não violenta, por Genacélia da Silva Alberton

Artigo da desembargadora Genacélia da Silva Alberton, publicado na coluna do TJ/RS, no jornal O Sul,  nesta segunda-feira. (2/3)

 

É através da comunicação que se desenvolve o processo de mediação. Para tanto, é fundamental que o mediador faça uso de uma comunicação não violenta, não impositiva, propiciando o diálogo dos mediandos com autenticidade, pois o entendimento não é imposto, mas é livremente construído.

Cada ser humano é único e, como tal, faz sua trajetória. A morte entristece, mas sabemos que é o rim natural.

Entretanto, o pesar parece maior cada vez que morre uma pessoa dedicada à paz, especialmente em um momento em que somos bombardeados com notícias de mortes inúteis. Faleceu em 4 de fevereiro Marshall B. Rosenberg, psicólogo norte-americano, autor da obra “Comunicação não Violenta”, publicada no Brasil pela editora Ágora, leitura necessária àqueles que atuam nas áreas de comunicação e resolução de conflitos.

A atuação de Marshall foi mais vasta do que essa obra, mas, com ela, divulgou, em diferentes partes do mundo, uma técnica para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais.

Como uni líder visionário, fundou, na Califórnia (EUA), em 1984, o CNVC (Center of Nonviolent Comunication) do qual foi diretor por muitos anos. O site www.nonviolentcommunication.com traz o elenco das obras e cursos desenvolvidos por Marshall durante o longo período em que atuou como mediador e promotor de entendimento em conflitos nacionais e internacionais, transformando o CNVC em organização internacional sem fins lucrativos.

Introduziu programas de paz em regiões como Sérvia, Croácia, Burundi e Sri Lanka, sendo as técnicas de comunicação não violenta ensinadas em escolas da Jugoslávia e de Israel.

Na introdução da obra “Comunicação não Violenta”, Arun Gandhi, Fundador e Presidente da M.K. Gandhi Institute for Nonviolence. destaca como foi sua própria trajetória de vítima de violência da discriminação e o aprendizado com Gandhi, seu avô, sobre a amplitude da não violência.

Enfatiza que o reconhecimento de que todos nós somos potencialmente violentos é que nos permite perceber nossas atitudes em relação ao outro e a nós próprios, possibilitando a mudança. Assim, evita-se que a violência contamine nossas relações pessoais, familiares ou profissionais.

Na mediação de conflitos, a comunicação é uma das habilidades a ser desenvolvida pelo mediador para tornar efetiva a aproximação dos envolvidos no conflito e tornar evidentes os interesses subjacentes nas questões trazidas pelos mediandos.

É através da comunicação que se desenvolve o processo de mediação. Para tanto, é fundamental que o mediador faça uso de unia comunicação não violenta, não impositiva, propiciando o diálogo dos mediandos com autenticidade, pois o entendimento não é imposto, mas é livremente construído.

Marshall deixou um legado, a técnica da CNV com seus quatro componentes básicos: observação, sentimento, necessidades e pedido. Ao observar o mundo com tantas incongruências e falta de diálogo, o sentimento é de que não podemos desistir. Necessitamos continuar fortalecendo a mediação como meio adequado de acesso à justiça. Resta pedir que Marshall e tantos outros que buscam a paz sejam lembrados por aquilo que fizeram.

Cada um de nós é responsável por aquilo que realiza. Marshall realizou muito pela paz e, por isso, celebremos.