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Proposta vergonhosa

Proposta vergonhosa

 Assisti boquiaberto o diretor-presidente da Concepa, concessionária que administra a Freeway, Sr. Odenir José Sanches, afirmar em bom português, semana passada, no programa do Jornalista Paulo Sérgio Pinto, que a velocidade máxima daquela rodovia deveria ser de 125 Km/h, concluindo que seria uma velocidade razoável para trafegar na rodovia.
 Tal afirmação é um desserviço à sociedade gaúcha e brasileira, porque contraria todo um movimento de conscientização e redução de acidentes nas estradas, ruas e avenidas, causadas pelo excesso de velocidade e ingestão de álcool, que causam cerca de 100 mortes por dia, entre 40 e 60  mil mortes por ano, de acordo com a instituição que realizou a estatística.
 Não custa repetir que os acidentes de trânsito no Brasil causam mais mortes do que em todos os 16 anos da Guerra do Vietnã, em que os norte americanos choram seus mortos até hoje.
 O que dizer aos milhares de familiares dos 40/60 mil mortos por ano no Brasil? Esquece-se o Sr. Odenir que um veículo deslocando-se a  uma velocidade de 125 Km/h exige um espaço de mais de 50 metros para poder parar após acionada a frenagem do veículo. E este é somente um dado estatístico comprovado nos campos de provas de todas as construtoras de veículos do País.
 Outro elemento preponderante, é que, no trânsito, não se pode ser egoísta, afirmando que a velocidade seria razoável para trafegar na rodovia, visando, com toda certeza, chegar mais rápido em Atlântida, Torres ou Xangri-lá. Um choque de um veículo deslocando-se a 125 Km/h, com outro a 100 Km/h, certamente resultará em dor e sofrimento. Um aspecto essencial é raciocinar que um acidente com velocidades entre 80 e 100 Km/h e um com 125 Km/h pode ser a diferença entre sair vivo ou morto, porque o impacto é proporcionalmente maior em relação à diferença de velocidade.
 E o Paulo Sérgio referiu que enxerga os carros mais velhos desenvolvendo velocidades assemelhadas com os veículos mais novos. Então, se vigesse a regra do Sr. Odenir estes carros certamente tentariam rodar ainda mais rápidos. E os riscos seriam ainda maiores!
 Penso que o raciocínio do diretor-presidente da Concepa deveria ser no sentido de aumentar a fiscalização, realizar cooperação com a Polícia Rodoviária Federal, realizar blitz com etilômetros próximo aos pedágios, colocação de mais câmeras com a finalidade de flagrar motoristas alcoolizados, imprudentes, negligentes e que traduzem um risco não somente para eles, mas, principalmente, para outras pessoas que ou se dirigem para a praia para gozar férias e veraneio, ou retornam para suas residências, evitando, assim, que elas retornem dentro de um caixão ou no “rabecão” da polícia técnica.
O exemplo de um argentino a 179 Km/h não deve se repetir e todos deveriam ter a consciência de que serão flagrados se desenvolverem velocidades acima do permitido. Autorizar a velocidade de mais de 100 Km/h é um convite à tragédia! Somos os únicos responsáveis por esse morticínio e a conscientização começa por nós mesmos.

Alex Gonzalez Custódio
Juiz de Direito