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‘Marketing para promover a cidadania’, por Antonio Vinicius Amaro da Silveira

‘Marketing para promover a cidadania’, por Antonio Vinicius Amaro da Silveira

Historicamente, o Poder Judiciário é percebido pela população como hermético, distante e desconectado do seu cotidiano. Um dos fatores que constituíram essa imagem é o comportamento mais reservado de percentual majoritário da magistratura, habituada a manifestar-se em juízo, ou seja, por meio das decisões judiciais. Na contemporaneidade, entretanto, esse comportamento vem se modificando e é fundamental a consolidação de um relacionamento mais próximo e, até mesmo, mais interativo.

A ocupação de espaço na mídia é uma necessidade, sobretudo para divulgar os fatos e não versões que embasam uma decisão. Por isso, nem sempre o Juiz deve falar sobre suas decisões, mas, na atualidade, o Judiciário deve se manifestar sobre todos os conteúdos que, de alguma maneira, atinjam a sociedade.

No caso do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), a comunicação social assume protagonismo, com o propósito de gerar pautas jornalísticas – e não somente atendê-las – e de fortalecer a imagem junto aos seus públicos de relacionamento, buscando alcançar a sociedade em geral. A ação converge com a aceleração dos trabalhos de virtualização processual, que devem conduzir, em breve, a um Judiciário 100% digital no RS, em consonância com o projeto Justiça 4.0 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Para tanto, mais do que estratégias bem fundamentadas, estruturou-se um Departamento de Marketing Institucional e Comunicação Digital, vinculado à Direção de Comunicação Social, atuando de forma integrada com os Departamentos de Imprensa e de Relações Públicas. Preliminarmente, respondeu-se ao questionamento central: é necessário fazer marketing no Poder Público? A resposta foi positiva – e imperativa, ao desvincular-se a visão básica de ferramenta exclusiva para vendas, conforme aplicada ao setor privado. Segundo a American Marketing Association, marketing é a atividade, conjunto de instituições e processos para criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que tenham valor para consumidores, clientes, parceiros e sociedade em geral.

Segundo Kotler e Lee (2008), a preocupação central do marketing é a produção de resultados que o mercado-alvo valoriza. No setor privado, o mantra é a valorização e a satisfação do cliente. No setor público, é valorização e a satisfação do cidadão. E, de acordo com Cezar (2019), o marketing público não deve prometer o que não pode oferecer, mas sim, apresentar à sociedade, de forma bem elaborada, contando com os recursos disponíveis, serviços públicos bem prestados. Ainda, o marketing público está a serviço do combate às fake news que atingem de forma virulenta as organizações, com peso ainda maior sobre as instituições públicas.

Irreversivelmente disposto a fortalecer o diálogo com a sociedade, o TJRS consolida um projeto de produção digital e convergência midiática, ampliando consideravelmente sua presença nas redes sociais, especialmente com conteúdos em áudio e vídeo, formatos interativos mais consumidos nos ambientes digitais. Nos perfis oficiais no Instagram, Facebook, Twitter, YouTube e LinkedIn, já são mais de 260 mil seguidores, números expressivos para instituições públicas. Nos dois últimos anos, também sob efeito das mudanças de hábitos sociais provocados pela pandemia, já foram registradas mais de 10 milhões de interações nesses perfis, cerca de 94% positivas em relação ao conteúdo ofertado, o que evidencia uma relação transparente e profícua.

Transmissões de júris – a exemplo do emblemático caso da Boate Kiss, cobertura das iniciativas de cunho social e do dia a dia do TJRS, organização de eventos temáticos, produção de conteúdos educativos e culturais são algumas das atividades que visam a atuar de maneira proativa junto aos jurisdicionados, evidenciando que o Judiciário gaúcho faz muito mais do que julgar processos.

Antonio Vinicius Amaro da Silveira
Desembargador e 2º vice-presidente do TJRS

*Artigo publicado no portal Coletiva.net no dia 29 de abril.