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Mãe ganha nova chance e os seis filhos de volta

Mãe ganha nova chance e os seis filhos de volta

Decisão que assegura Direitos Humanos das crianças, segundo as diretrizes do ECA, é destaque no Jornal Informativo do Vale do dia 4 de abril

A tarde de 3 de abril ficará para sempre na memória de seis crianças abrigadas pelo Centro Social Trezentos de Gideon, no Bairro Conservas. Ontem, elas deixaram a instituição para voltar a viver com a mãe em uma cidade cerca de 150 quilômetros distantes de Lajeado. Quatro meninos e duas meninas, acompanhados pela mãe social e pela diretora do abrigo, saíram de Lajeado por volta das 14h para iniciar uma nova etapa em suas vidas. O momento foi de despedida e emoção com a equipe de trabalho do centro; o promotor de Justiça da Infância e Juventude, Sérgio da Fonseca Diefenbach; e o juiz da Infância e Juventude da Comarca de Lajeado, Luís Antônio de Abreu Johnson.

O processo, no entanto, foi longo. Há cerca de dois anos e meio, o Ministério Público (MP) recebeu o pedido de ajuda do pai das crianças. Diefenbach conta que a família estava em uma situação muito delicada e fora de controle. Na primeira visita à casa, o promotor deparou-se com uma faca cravada no forro. “Uma das crianças tinha 6 meses. A partir daquilo ajuizei a ação, deferida pelo Johnson, e iniciamos o acompanhamento com intervenções da rede do município e da casa de acolhimento.”

O casal de jovens teria vindo para a região em busca de emprego, mas sucumbiu às drogas, principalmente ao crack. O pai não conseguiu abandonar o vício e chegava para as audiências sob efeito de entorpecentes. A mulher, porém, reuniu todas suas forças para poder voltar ao convívio dos filhos. Por algum tempo não veio a Lajeado, “para não cair na tentação do crack”, lembra a assistente social, Simone Dullius. Depois, mobilizou a comunidade do pequeno município onde mora para equipar a casa e também conseguiu um emprego formal.

Segundo Johnson, a história envolve o resgate de vínculos familiares. Há seis meses, a Justiça determinou que a prefeitura contratasse uma van para levar as crianças à nova cidade, a cada 15 dias. “Um trabalho com profissionais de assistência social jurídica, social do município e do abrigo. Houve muita troca de informação, de avaliação e isso frutificou. Entendemos que chegou o momento de reunir essa família.”

Relação de amor intensa

Conforme o juiz, Luís Antônio de Abreu Johnson, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê o encaminhamento para adoção ou, em situações raras, o retorno para a família biológica após avaliação técnica. Ele destaca que, neste caso, existe uma relação de amor intensa entre os irmãos e a mãe. “É uma decisão humanitária e técnica baseada na recuperação de uma mãe. Ela demonstrou vontade de ter os filhos de volta. Essa é a materialização de muitos sonhos.”

O promotor conta que na cidade de destino, na Comarca de Passo Fundo, uma equipe técnica multidisciplinar acolheu a mulher. Com a ida dos meninos e meninas, o MP e o Judiciário de lá passam a acompanhar e decidir sobre o caso. “Essa recuperação nos trouxe muita alegria porque a destituição de uma mãe e encaminhamento para adoção é um processo difícil. Uma adoção de grupo de irmãos é mais complicada.” Ele pondera que a mudança não é definitiva, mas uma etapa importante foi vencida.

Partida

A assistente social, Simone Dullius, descreve a despedida como um momento feliz e que enche o coração de alegria. Perceber a ansiedade das crianças em ir para casa, para o lugar em que elas sempre quiseram estar, é especial. Durante o período de acolhimento no Trezentos de Gideon houve dificuldades, mas também muito aprendizado a partir da convivência com outras pessoas. Ela afirma que, a partir de agora, as crianças têm duas famílias e a equipe do abrigo sempre será um meio de apoio. “A mãe está de parabéns porque se esforçou muito e mostrou todos os dias o quanto queria estar com os filhos. Estamos dizendo ‘tchau’, mas é uma despedida feliz.”

 

Link da matéria: https://goo.gl/xdZiYD

 

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