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Análise da história do Presídio Central traz elementos para compreender o caos prisional

Análise da história do Presídio Central traz elementos para compreender o caos prisional

Nos dias 11 e 12 de agosto, a AJURIS promove o Seminário “Sistema Prisional e Direitos Humanos” e a Exposição Fotográfica “20 anos de Presídio Central”. O debate vem na esteira da necessidade de reflexão sobre a falência do sistema penitenciário, principalmente em um momento de agravamento da sensação de insegurança no Rio Grande do Sul e aumento exponencial das estatísticas de criminalidade.

Para compreender o tema, no entanto, é necessário voltar no tempo – proposta da exposição “20 anos de Presídio Central” – e analisar os fatores que contribuíram para essa situação e transformaram o local em uma escola do crime, alimentando as facções criminosas.

Em reportagem especial para o The Guardian, de julho de 2015, e publicada no Brasil em janeiro deste ano, a jornalista Carla Ruas foi a fundo na história do Presídio Central, que, em 2008, foi considerado pela CPI do Sistema Carcerário como o pior do país. A superlotação do local faz com que, em média, vinte homens dividam a mesma cela, enquanto o espaço foi projetado para receber no máximo oito pessoas.

Reportagem resgata episódios que culminaram no controle do Presídio Central por facções criminosas

Reportagem resgata episódios que culminaram no controle do Presídio Central por facções criminosas

A reportagem também aponta as condições degradantes de higiene e conservação do local, reconhecido pelas rachaduras, infiltrações e infestação de ratos e baratas. Situações como estas, que afrontam o princípio da dignidade humana, são destacadas como importantes para a compreensão sobre as razões que transformaram o Central em fonte de criminalidade.

Esses não são os únicos motivos. A matéria especial aponta dois episódios cruciais para que o Presídio Central tenha sido dominado pelas facções criminosas e o Estado tenha perdido o controle na década de 1990: em 1994, um motim com reféns, liderado por Dilonei Melara, seguido de troca de tiros entre criminosos e policiais no saguão de um dos mais tradicionais hotéis de Porto Alegre e; em 1995, uma fuga de 45 presos, que levou o então governador Antônio Britto a determinar que o local passasse, temporariamente, a ser coordenado pela Brigada Militar, até que o Presídio Central fosse demolido. A permanência da BM continua até hoje.

Os motins, em protesto contra a superlotação e as más condições do presídio, continuaram. Na época, a decisão foi negociar uma trégua com os presos, repassando aos detentos o comando das galerias, que controlariam rebeliões e manteriam a conservação do local. A partir desse episódio, a reportagem esclarece o surgimento das várias facções criminosas e a forma como até hoje, após sucessivas promessas de governantes para a demolição do Presídio Central, a situação só se agrava.

F 5 Celas

Na época em que foi publicada a reportagem especial do The Guardian, a AJURIS, por meio do então presidente do biênio 2014-2015, Eugênio Couto Terra, concedeu entrevista à publicação, oportunidade em que cobrou a falta de políticas concretas para solucionar o problema do Presídio Central e reforçou a atuação na busca que soluções. A Associação tem uma atuação destacada no enfrentamento à situação caótica do sistema prisional no RS. Entre as ações, estão a representação encaminhada à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) denunciando as más condições do Presídio Central de Porto Alegre e a proposta de criação do Programa Estadual Penitenciário.

Confira no site Risca Faca, a reportagem especial produzida para a revista Contributoria, do The Guardian.

Foto: Sidinei Brzuska

Seminário “Sistema Prisional e Direitos Humanos”

Veja  AQUI a programação completa do Seminário “Sistema Prisional e Direitos Humanos”.

Serviço

O quê? Seminário “Sistema Prisional e Direitos Humanos” e Exposição Fotográfica “20 anos de Presídio Central”
Quando? 11 de agosto (quinta-feira), das 10h às 18h, e 12 de agosto (sexta-feira), das 9h30 às 12h.
Local: Foro Central II de Porto Alegre (Rua Manoelito de Ornelas, 50, bairro Praia de Belas)
Inscrições: Somente em lista de espera pelo email centraldeeventos@ajuris.org.br

 

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