29 mar Mês da mulher encerra com debate sobre feminismo
O painel Pensamento Feminista, realizado na noite de quinta-feira (28/3), na Escola da AJURIS, relembrou importantes nomes de precursoras da história do movimento de luta das mulheres. O encontro reuniu as ativistas Joanna Burigo e Winnie Bueno, que apresentaram conceitos e contextualizam a complexidade do tema. O painel, mediado pela diretora do Departamento de Direitos Humanos da AJURIS, Karen Luise de Souza Pinheiro, encerrou a programação do evento Lugar de Mulher Onde Ela Quiser 2019.
Entre as muitas definições de feminismo, uma das mais plurais – e a preferida de Joanna Burigo – é a da ativista norte-americana Marie Shear, de 1986: “Feminismo é a ideia radical de que mulheres são gente”. Como lembrou a mestra em Gênero Mídia e Cultura, o objetivo do feminismo é potencializar a voz daquelas mulheres que sempre estiveram silenciadas para que possam reverberar e se reconhecer como protagonistas de suas próprias lutas. “Trata-se de um movimento orgânico de mulheres que vai lutar sim por direitos, mas não somente por isso”, ressaltou.
Dentro da diversidade de pensamentos feministas, o feminismo negro ocupa um espaço importante e, como lembrou Winnie Bueno, ainda é pouco explorado nos espaços de debate. “Por mais que tenhamos avançado significativamente em termos de representatividade e reverberação das vozes e agendas de mulheres negras, ainda estamos colocadas à margem e, no movimento geral de mulheres, jamais ao centro”, salientou. Uma das autoras evidenciadas pela mestranda em Direito Público é a socióloga e feminista norte-americana Patricia Hill Collins, reconhecida por defender o pensamento feminista negro como uma formulação própria feita a partir das necessidades, conhecimentos e formas de atuação política próprias das mulheres negras. “A leitura do seu trabalho intelectual é uma experiência importante para o ativismo de mulheres negras”, destacou.
Winnie e Joana também têm atuado em conjunto em muitas frentes. Juntas são co-organizadoras de um livro sobre política escrita exclusivamente por mulheres. A publicação intitulada “Tem saída?” reúne ensaios que abordam temas como impeachment, democracia e neoliberalismo e apontam diferentes caminhos para solucionar as crises do país. Como destacou Joanna, o livro surge de uma equipe feminista, que busca dar alternativas ao discurso político, que ainda é hegemonicamente masculino e branco. “Nós queríamos que o livro fugisse um pouco disso, para justamente acomodar as vozes que são frequentemente silenciadas num processo democrático”, frisou.
Também estiveram presentes no evento a presidente da AJURIS, Vera Lúcia Deboni, a vice-presidente Cultural, Madgéli Frantz Machado, as diretoras Culturais Márcia Kern e Camila Luce Madeira, a diretora do Departamento de Pensionistas, Beatriz de Vasconcellos Martins, e a presidente do Conselho Deliberativo da AJURIS, Jocelaine Teixeira.
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