16 ago Quando a arte vem para transformar vidas e conceitos
A itinerância da exposição de percurso A Cura pela Arte ganhou abertura oficial, na manhã desta quinta-feira (16/8), ao átrio do Foro Central II. A mostra, composta por obras de pacientes do Instituto Psiquiátrico Forense (IPF) de Porto Alegre, poderá ser conferida no espaço até o próximo dia 31/8, assim como no Memorial do Judiciário no Palácio da Justiça, onde foi aberta no último dia 8, e na Pinacoteca da AJURIS, na Escola Superior da Magistratura.
Na solenidade de abertura no Foro II estiveram presentes a vice-presidente Cultural da AJURIS, Madgéli Frantz Machado; a diretora do Departamento Cultural, Camila Luce Madeira; o juiz de Direito titular da Vara de Execuções de Penas e Medidas Alternativas (VEPMA) de Porto Alegre, Luciano André Losekann; e o artista plástico Aloizio Pedersen, responsável pela curadoria da exposição, além de servidores do Judiciário e os internos do IPF que participam do projeto.
Cada um dos três momentos da exposição de percurso tem uma temática. No primeiro foi a Mostra Dripping, que remete à técnica de espirrar a tinta sobre as telas. Esta do Foro II, chama-se Mostra Klimt Visita o IPF, onde a inspiração vem da trajetória de Gustav Klimt, artista plástico austríaco, um dos expoentes do simbolismo. Na Pinacoteca da AJURIS, está a Mostra Action Painting que terá ainda, no dia 23, às 16h, o Seminário Arte Louca e Direito.
Madgéli Machado destacou o empenho do artista plástico Aloizio Pedersen neste projeto que tem apoio da AJURIS e agradeceu a todos que se dedicam a, de alguma forma, transformar a vida das pessoas. “Desejamos que a A Cura pela Arte se expanda por outros espaços e que é muito importante que esses estigmas sejam transformados na sociedade. Temos que ter um outro olhar para as diferenças, um outro olhar para esses nossos artistas”, disse a magistrada.
“Eu quero agradecer a cada um desses artistas. Sem eles essa exposição seria impossível. Nós apenas somos intermediários, nós apenas oportunizamos que essas obras sejam expostas”, disse Luciano André Losekann, que ressaltou que é possível fazer algo diferente quando se trata de pessoas que apresentam algum tipo de transtorno. “Essas pessoas também merecem essa oportunidade transformadora. São poucas as oportunidades que se dão às pessoas com privação de liberdade que, muitas vezes, figuram Brasil afora, entre as pessoas mais esquecidas. Se temos problemas no sistema prisional do país, talvez nos manicômios judiciários temos os maiores problemas. São tidos como depósitos de pessoas”, destacou o titular da Vara de Execuções de Penas e Medidas Alternativas. Para Losekann, o projeto vem mostrar todo o potencial que essas pessoas têm e que a dita loucura não pode ser mais tratada como era nos séculos XIX e XX. “Pelo contrário, a loucura tem uma potencialidade transformadora, e aqui, é o resgate dessas pessoas, o resgate da cidadania”, completou o juiz.
Com seu carisma e paixão pelo projeto, o artista plástico Aloizio Pedersen reforçou a ideia de que a arte é libertadora, que não se prende a estereótipos ou rótulos, trazendo a verdade e sentimento de cada um. “Precisamos mudar isso em todos. Ninguém é mais do que ninguém. Quem de vocês aqui conseguiria pintar igual a eles?”, disse o artista que desenvolve o projeto para mais de 50 internos do IPF.
Ao final, os artistas presentes falaram, com muita propriedade, de influências que estão presentes nas obras da exposição, como o próprio Klimt e Jackson Pollock, e pintaram coletivamente uma tela. “A arte também é isso, socialização, participação. É isso que nós queremos”, completou Aloizio Pedersen.
As obras estão expostas nos três espaços, podem ser visitadas das 9h às 18h, de segunda a sexta-feira.
Confira os espaços que compõem a exposição de percurso:
Mostra Dripping
Galeria dos Casamentos do Palácio da Justiça
Praça marechal Deodoro, 55 – Centro Histórico
Mostra Klimt Visita o IPF
Átrio do Foro Central II
Rua Manoelito de Ornellas, 50 – Praia de Belas
Mostra Action Painting
Abertura oficial: 23/8, às 14h, com o Seminário Arte Louca e Direito, às 16h.
Pinacoteca da AJURIS
Rua Celeste Gobbato, 229 – Praia de Belas
Sobre o Artinclusão
O projeto Artinclusão é uma iniciativa terapêutica como uso da arte que busca oportunizar a profissionalização, a geração de renda e a cidadania com vistas à desinstitucionalização e desospitalização dos envolvidos.
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