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Deixa o amor te surpreender, por Luis Carlos Rosa

Deixa o amor te surpreender, por Luis Carlos Rosa

Artigo de autoria do juiz de Direito Luis Carlos Rosa, publicado no dia 25 de março em coluna semanal no Jornal das Missões, de Santo Ângelo.

O título desta coluna “Deixa o amor te surpreender” corresponde a campanha  de adoções de difíceis colocações, capitaneada pela Coordenadora da Infância e Juventude do Estado do Rio Grande do Sul, órgão vinculado ao Tribunal de Justiça Gaúcho. Trata-se de uma iniciativa que visa dar oportunidades aquelas crianças e adolescentes aptos à adoção, que não estão dentro do perfil normalmente escolhido pelas pessoas habilitadas à adoção, consistindo em crianças de idades superiores a 03 anos, grupo de irmãos, adolescentes, além de crianças com alguma deficiência.

Em recente levantamento realizado pela equipe técnica do Juizado Regional da Infância e Juventude de Santo Ângelo, foi verificado que dentre as pessoas habilitadas a adotar, 70% só aceitavam adotar crianças de até 03 anos de idade, outros 24% crianças até 05 anos de idade e apenas 6% dos habilitados aceitam crianças de mais de 05 anos de idade.

Ocorre que o grande público de crianças que estão aptas à adoção têm idade superior ao perfil indicado pelas pessoas que desejam adotar, além disso em um grande número de ocasiões as crianças são afastadas da família de origem acompanhadas de irmãos, o que implica outra dificuldade, na medida em que por uma questão lógica se busca preservar os laços entre os irmãos, havendo previsão legal de que os irmãos devem, prioritariamente, ser colocados à adoção juntos, em uma mesma família. O desafio que se apresenta é tentar sensibilizar os adotantes acerca da possibilidade de ampliar o perfil escolhido, o que tem se mostrado gratificante pelos resultados obtidos e pelas histórias de vidas que se consegue reconstruir.

As crianças e os adolescentes que são afastados de suas famílias são vítimas da irresponsabilidade e negligência dos adultos, anseiam por um convívio familiar, precisam de amor e de amparo, precisam de alguém que lhes estenda a mão, alguém que entenda suas dificuldades, que os ajude a superá-las,  não sendo justo que permaneçam de forma indefinida em abrigos a espera de um pai, ou de uma mãe, que nunca vem. Sou um idealista da proteção de crianças e adolescentes, penso que esteja aí a solução para grande parte das mazelas sociais, crianças amadas, acariciadas, protegidas tendem a reproduzir isso na adolescência e na vida adulta, tenho comigo que o abandono afetivo é um dos nossos maiores males,  que estampa um lado perverso do ser humano.

Dentro desta perspectiva estamos realizando Cursos de Preparação à adoção, destinados as pessoas que buscam o Juizado para se habilitar à adoção, onde procuramos trabalhar  todas estas questões. Além disso, está ganhando corpo a possibilidade de termos em Santo Ângelo um Grupo de Apoio à Adoção, composto de pessoas que já adotaram, que desejam adotar, que foram adotados, além de famílias, clamando a quem estiver interessado que entre em contato com o Juizado da Infância e Juventude de Santo Ângelo.

Um ótimo final de semana a todos.