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Mês da mulher: Debate sobre empreendedorismo destaca a união para quebrar as barreiras de gênero

Mês da mulher: Debate sobre empreendedorismo destaca a união para quebrar as barreiras de gênero

No entendimento da importância do diálogo sobre os diversos temas em pauta na sociedade, a AJURIS promoveu, nesta quarta-feira (28/3), uma feira e mesa de debates sobre o empreendedorismo feminino. A atividade, que foi realizada na Escola da AJURIS, integrou a segunda edição do evento Lugar de mulher é onde ela quiser, em alusão ao Dia Internacional da Mulher.

O evento foi organizado pela vice-presidência Cultural da AJURIS, tendo a frente dos trabalhos a vice-presidente Madgéli Frantz Machado; a diretora do Departamento Cultural, Camila Luce Madeira; e atuando na organização e como mediadora do debate a diretora do Departamento de Literatura e Pinacoteca, Marcia Kern.

Com a participação de cinco painelistas o evento proporcionou às participantes diferentes abordagens e olhares sobre empreendedorismo feminino que, em um cenário de crise, agrava questões como a inserção e permanência das mulheres no mercado de trabalho.

A procuradora do Trabalho Ana Lúcia Stumpf González iniciou saudando a AJURIS pela proposta do evento e chamando as presentes a fazer a reflexão sobre um cenário em que a diferença de remuneração entre os gêneros “têm uma diferença salarial de 25%, além disso, mais de 50% das mulheres são demitidas após o período de estabilidade da licença-maternidade, o que mostra a crueldade da discriminação”.

Para Ana Lúcia, essas questões são reflexo de uma sociedade desigual, na qual o papel dos homens, muitas vezes, está restrito a “ajudar” no trabalho doméstico: “Precisamos repensar o próprio estereótipo de gênero: o que é ser mulher?”, provocou a procuradora, questionando o papel de cuidadora, tradicionalmente atribuído ao gênero feminino.

Conforme a procuradora do Trabalho, em um cenário de empreendedorismo as desigualdades de gênero também estão presentes, visto que uma pesquisa realizada nos Estados Unidos apontou que a maior parte dos empreendimentos são liderados por mulheres, no entanto, são pequenos empreendimentos: “os financiamentos concedidos pelos bancos são menores”.

Quebra de barreiras

Para quebrar essas barreiras, impostas por uma cultura machista, que o trabalho de pessoas como Bia Kern, presidente da ONG Mulher em Construção, é desenvolvido. Em um setor dominado por homens, como a construção civil, a entidade tem como propósito oferecer capacitação profissional para que as mulheres atuem como pintoras, azulejistas, eletricistas, ceramistas e hidráulicas.

“Ainda tem muito machismo e racismo”, afirmou, citando que somente 10% da vagas são ocupadas pelo gênero feminino, “mas é muito bom que os construtores estão pedindo mulheres”, referindo-se a uma parceria fechada com uma construtora. Na visão de Bia, a união das mulheres é fator determinante para a quebra de barreiras: “Acredito no coletivo, só se dando as mãos a gente pode se ajudar”.

Cadeia produtiva solidária

Nesse entendimento, o relato de Nelsa Nespolo, presidente da Cooperativa Central Justa Trama, também mostra a força da união em prol de um sonho. Atuando na vida social da comunidade e participando dos processos de decisão de políticas públicas, um grupo de costureiras descobriu que “podia dar um passo a mais” para garantir qualidade de vida e reduzir as jornadas extenuantes de trabalho a que eram submetidas: “Sentíamos que a vida mudava pela participação, mas o trabalho das mulheres, não”.

Apesar das dificuldades, inclusive burocráticas para fazer o registro, a cooperativa de costureiras começou a participar de licitações e aumentar a demanda de trabalho. No entanto, conforme o relato de Nelsa, a principal mudança foi a rede de contatos construída a partir da participação em fóruns e eventos de economia solidária, onde encontraram outros pequenos empreendedores e agricultores familiares: “a gente vai indo para frente e vendo os caminhos a serem construídos”.

Hoje, a Justa Trama atua em cinco estados, com mais de 600 cooperados, atuando em toda a cadeia produtiva, desde a produção do algodão orgânico até o produto entregue ao consumidor final. A divisão dos lucros é feita de forma igualitária.

Sonhos

Para a diretora do Senac Comunidade, Cecilia Grinberg Herynkopf, no cenário do empreendedorismo, o principal é “perseguir um sonho”. Ela aponta que a maior barreira para as mulheres ainda são as questões culturais, mas aposta em um trabalho coletivo para romper essas dificuldades. “Ninguém faz nada sozinha. Hoje, os negócios ficaram mais complexos e a grande saída é trabalhar em equipe”.

Para Cecilia, um dos pontos importantes é a construção da autonomia “abordando temas diferente com grupos de mulheres, construindo esse protagonismo”, afirmou, exaltando o exemplo dos projetos desenvolvidos por Madgéli Frantz Machado, no 1º Juizado de Violência Doméstica da Capital.

Neste sentido, a orientadora educacional do Senac Comunidade, Lívia Ferreira Paim da Silva, apresentou histórias de mulheres que construíram essa autonomia. Ela também falou sobre os cursos disponíveis, inclusive na internet, e a importância das empreendedoras desenvolverem o planejamento estratégico dos seus negócios: “Qual legado você quer deixar? Qual a história de vida quer contar?”.

Por fim, Lívia fez uma provocação, reafirmando que cada uma tem um potencial: “Se agora a gente quisesse montar uma empresa aqui, com certeza teríamos capacidade para isso”, citando, mais uma vez, a importância da união.

Galeria de fotos:,

 

Lugar de Mulher é onde ela quiser: Empreendedorismo Feminino

 

 

Texto e fotos: Joice Proença
Departamento de Comunicação
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