26 abr Legado de Daiello é destacado por magistrados
Fundador da Escola da AJURIS faleceu no dia 25 de abril.
A AJURIS lamenta profundamente o falecimento, aos 88 anos, do desembargador aposentado Cristovam Daiello Moreira, fundador da Escola da AJURIS. O magistrado faleceu na quarta-feira (25/04), em Porto Alegre. Em homenagem a sua história, a Associação irá encaminhar ao Tribunal de Justiça do RS uma proposição solicitando que o atual prédio da Escola passe a levar o nome do magistrado.
“Todos nós da magistratura gaúcha que hoje atuamos, e também os que deixaram os tribunais, estão na cátedra, ou em permanente aprendizado, devemos algo ao desembargador Cristovam Daiello. Muito mais que um magistrado que passou a vida interessado em passar seu conhecimento, que foi fundador da primeira Escola da Magistratura do país, que está entre as pioneiras do mundo, Daiello foi sobretudo um humanista. O homem de notório saber e de grandes histórias, que não se furtava de desempenhar seu papel de “mestre” com ensinamentos que se levava muito além das salas de aula ou dos tribunais. O desembargador Daiello deixa muitos legados, um deles, certamente, é de que nós juízes, operadores do Direito, temos um compromisso, uma missão de vida em proteger e lutar por uma sociedade melhor”, ressaltou a presidente da Associação, Vera Lúcia Deboni.
Daiello ingressou na Magistratura em 1955, como pretor e foi promovido a desembargador em 1979, tendo atuado como corregedor-geral da Justiça em 1988 e 1989. Foi responsável pelo projeto de criação da Escola Superior da Magistratura, oficializada no ano de 1980. Em dezembro de 1995, teve o pedido de aposentadoria aprovado pelo Tribunal de Justiça do RS (TJRS).
Primeiro diretor da Escola da AJURIS, Daiello semeou e viu crescer uma das mais conceituadas instituições de ensino jurídico da América Latina, cujo modelo se espalhou por vários países. Foi responsável pela edição das instruções gerais e normativas da Escola, que operaram como um verdadeiro manual de referência para o seu funcionamento administrativo e didático.
Depoimentos e homenagens
“Raras pessoas conseguem encarnar, como o desembargador Daiello, o ideal de humanismo na Justiça e a inspiração da ética na base da jurisdição, com o espírito visionário em perceber que a formação e a capacitação constante dos magistrados é o caminho concreto e seguro para a consolidação do Poder Judiciário como um espaço de excelência e de vocação pública absolutamente primordial para o Estado democrático de Direito. Some-se a tais atributos um mergulho profundo nas então poucas referências mundiais na área, comparando as escolas existentes no estrangeiro, com os pés bem plantados na cultura nacional e do Rio Grande do Sul e a convicção da independência do Judiciário como salvaguarda dos direitos da cidadania. Adicione a sinergia em aproveitar as oportunidade legais que surgiam com a Lei Orgânica da Magistratura (1979) e a experiência coletiva já acumulada nos cursos de preparação para concurso que remontavam ao início dos anos 1960. E fundamental, tenha em mente uma vontade inquebrantável e realizadora, capaz de empreender e construir uma Escola que é referência nacional e centro de ideias e práticas para toda a comunidade jurídica do Rio Grande do Sul”.
Jayme Weingartner Neto, diretor da Escola Superior da Magistratura
Eladio Luiz da Silva Lecey, presidente da Comissão de Desenvolvimento Científico e Pedagógico da Escola Nacional (Enfam)
Wilson Carlos Rodycz, desembargador aposentado do TJRS e subdiretor do Departamento de Resgate Histórico da AJURIS
É assim que nós, os seus discípulos e admiradores o vemos nesses tempos medievais de desprezo total aos parâmetros da dignidade política e da pusilanimidade de certas decisões judiciais. Vendo-o assim, os magistrados piauienses me autorizaram o dever de homenagear esse notável colega, lembrando aos que fazem a Magistratura nesse país de muitas leis e de pouca Justiça, que foi através dele, que a ideia de criação das escolas destinadas à formação e ao aperfeiçoamento dos nossos magistrados foi concebida.
Aliás, por intermédio de suas abençoadas mãos a semente da Escola Superior da Magistratura do Piauí, como a da Ajuris, foi plantada, achando em nossas mentes um campo fértil e ubertoso. A ESMEPI, pois, concebida por ele, foi a terceira a ser instalada, com o seu entusiástico apoio, em 1986, nascendo do zelo e do esforço espontâneo dele e do Des. Paulo Freitas, seu primeiro diretor.
O Cristovam Daiello nos enche de orgulho e coragem, a cada dia que passa e deixando em nós um edificante exemplo de compromisso com o Judiciário, a que serviu com inexcedível zelo, de vitalidade e de verticalidade moral e funcional”.
Edvaldo Pereira de Moura, desembargador e diretor da Escola Superior da Magistratura do Estado do Piauí (ESMEPI)
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