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Jurema Werneck finaliza rodada de palestras com provocações sobre o olhar no espelho pelo juiz

Jurema Werneck finaliza rodada de palestras com provocações sobre o olhar no espelho pelo juiz

Uma das apresentações mais contundentes dentro do conceito de olhar-se no espelho proposto pelo XV Congresso Estadual da Magistratura foi realizada na tarde desta sexta-feira (8/9) pela médica Jurema Werneck, diretora da Anistia Internacional Brasil. Mulher, negra, lésbica e favelada, como a própria palestrante referiu-se a si mesma, a história de Jurema é um dos tantos exemplos de jovens negros de periferias que perceberam desde o início de sua vida o distanciamento dos poderes públicos. O encontro foi mediado pelo vice-presidente Administrativo, Cristiano Vilhalba Flores, coordenador-geral do Congresso.

Com uma trajetória marcada pela luta contra as desigualdades sociais, Jurema trouxe uma reflexão sobre quatro pilares que considera fundamentais para que as Cortes brasileiras ajudem a melhorar o país: caminho institucional (normas e procedimentos internos para externos); liderança (governança voltada para a equidade de gênero e raça); políticas de ação afirmativa (diversidade proporcional à população em todos os níveis); transparência (informações desagregadas e prestação de contas). Os itens foram acompanhados de números, estatísticas e relatos de Jurema que mostram que a população negra e pobre segue sendo a principal vítima da falta de políticas públicas e, principalmente, da violência gerada pelo próprio Estado. “Magistrados e magistradas têm posição privilegiada no Brasil, é preciso que se faça alguma coisa. Vocês se perguntarem sobre qual é o seu papel na sociedade é muito importante. É a primeira vez que vejo uma associação de juízes fazer isso”, enfatizou.

Em relação ao olhar da sociedade pobre para a Justiça, a palestrante disse que é um olhar de cicatrizes e desconfianças. “Os Tribunais não gostam de divulgar dados de raça-cor das pessoas integrantes, talvez para evitar o escândalo. Mas os dados que temos mostram a grande diferença”, disse. Ao final, Jurema foi aplaudida de pé pelos magistrados presentes na palestra.