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‘Aposentados ativos. Certo?’, por Helena Ruppenthal Cunha

‘Aposentados ativos. Certo?’, por Helena Ruppenthal Cunha

A vinculação entre aposentadoria e inatividade foi consagrada por muito tempo. Inúmeras leis referem o aposentado como o funcionário inativo, o trabalhador inativo. Compreende-se. Há nem tantos anos, quem se aposentava já tinha encerrado o ciclo de trabalho. A perspectiva de vida, no sentido inteiro desta palavra, era pouca e sem brilho. A própria lei vigente estabelece que a pessoa de 60 anos ou mais é idosa, com toda a carga desta palavra. Aquela pessoa de pijama. Clássico.

Mas, e hoje? Como pode ser o aposentado?

Sem a visão estagnada e repleta de antigos conceitos, podemos afirmar que temos muitos aposentados ativos. Tem-se um novo perfil. Recentemente se falou em etarismo e nos estudos sobre o tema, presente a luta contra a discriminação etária, ainda que no campo criminal. E se fala nos novos 60, novos 70 anos. No caminho dessas abordagens recentes e sem a visão estagnada e repleta de antigos conceitos, podemos afirmar que temos muitos aposentados ativos. Tem-se um novo perfil. Ocorrem aceleradamente mudanças que proporcionam transformações, especialmente a longevidade com saúde e a enorme facilidade de comunicação e de acesso à informação, instigando a curiosidade e proporcionando estudo, atualização e produção. Reuniões virtuais, cursos online, pesquisas em espaços antes só acessíveis com deslocamento aproximaram pessoas e conteúdos, em qualquer fase da vida.

Faço esses registros para chegar ao meu universo de aposentados, ainda que o desafio possa abranger inúmeros espaços. Na condição de magistrada estadual jubilada e trabalhando também com estes colegas na Associação dos Juízes do RS (AJURIS), é possível afirmar os novos tempos de aposentadoria, com magistrados experientes e preparados, sim, como sempre foi, mas também capazes de ser vistos e considerados como força ativa e com capacidade de participação no âmbito do Poder Judiciário, que integramos prestando a jurisdição e ao qual seguimos pertencendo. Observados os espaços certos, somos, sim, força de trabalho a ser valorizada.

Novos tempos, novas possibilidades, nova visão, nova postura – a Ajuris já tem. Que venha o reconhecimento do Poder Judiciário aos novos atuais aposentados ativos. Que venha o reconhecimento no âmbito das demais associações e instituições públicas e privadas.

 

Helena Ruppenthal Cunha, desembargadora aposentada e vice-presidente dos Aposentados da AJURIS

Artigo publicado na edição 19/9/23 do jornal Zero Hora