12 ago AJURIS se despede do Desembargador Aymoré
A AJURIS recebeu com profunda dor a notícia da perda de um de seus mais atuantes associados: o Desembargador Aymoré Roque Pottes de Mello, que durante muitos anos foi o diretor do Departamento de Assuntos Previdenciários (DAP) da associação e uma referência nacional em legislação previdenciária. Aymoré, como era chamado pelos amigos, tinha 73 anos, enfrentava um câncer nos últimos anos e faleceu no início da noite desta sexta-feira (11/8).
Os atos de despedida ocorrerão a partir das 10h deste sábado (12/8) até as 16h, na Capela 1 do Crematório Metropolitano de Porto Alegre (Avenida Oscar Pereira, 584).
Ao tomar conhecimento do falecimento do amigo de longa data, o presidente da AJURIS, Cláudio Martinewski, fez uma manifestação: “Falar do Aymoré numa hora dessas é muito difícil. Cada lembrança embarga a voz, engasga a garganta, porque a emoção toma conta e faz surgir a dor da perda. O Aymoré será uma permanente lembrança na nossa trajetória associativa e da magistratura por ter sido inspiração e exemplo pela capacidade intelectual, de luta e de liderança. Minha gratidão por compartilhar uma amizade que foi cada vez mais se estreitando à medida que a admiração aumentava. Segue em paz, porque travou a luta dos justos”.
Também amiga de longa data, a ex-presidente da AJURIS Denise Oliveira Cezar se manifestou ao saber do falecimento de Aymoré. “É impossível deixar de prestar homenagem a ele que foi, além de grande amigo, um colega brilhante e pessoa maravilhosa, de muita importância na história da AJURIS, do Tribunal de Justiça e da magistratura. O Aymoré sempre primou pela busca da melhor opção em todas as áreas às quais se dedicou. Na AJURIS, procurou contribuir incansavelmente, sempre numa posição de inspirador e com isso realizou trabalhos que ficam para a história, como a criação do Departamento de Assuntos Constitucionais e Legislativos”, afirmou a Desembargadora.
Vida na magistratura, na academia e homenagem com Comenda da AJURIS
Natural de São Jerônimo, Aymoré se formou em Direito em 1975 na Universidade do Vale do Rio do Sinos (Unisinos). Ingressou no Poder Judiciário em 1980 como pretor e, em 1982, foi nomeado Juiz de Direito e atuou nas Comarcas de Arroio do Meio, Tupanciretã, Sapucaia do Sul e Porto Alegre. Foi promovido a Juiz do Tribunal de Alçada em agosto de 1997 e a Desembargador do Tribunal de Justiça em maio de 1998, onde atualmente integrava a 11ª Câmara Cível. Paralelo à magistratura, Aymoré também construiu uma rica vida acadêmica. Fez pós-graduação em Direito do Estado na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e mestrado em Ciências Jurídicas no Departamento de Direito da Universidade Autónoma de Lisboa Luís de Camões, em Portugal. Foi professor de Direito Comercial, Direito Civil e de Processo Civil na Unisinos e na Escola da Magistratura da AJURIS, onde ministrou uma matéria que sempre foi a paixão de sua vida: o Direito Previdenciário.
Nessa área, publicou centenas de livros, artigos, notas técnicas e trabalhos científicos procurando contribuir constantemente com a melhoria do Sistema Previdenciário público. Atuou com a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) em diversos momentos na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, em Brasília, durante a tramitação e votação de diferentes projetos de reforma previdenciária. Aymoré foi peça fundamental nesse processo para a garantia de direitos previdenciários para a magistratura e também para os demais servidores públicos. No Rio Grande do Sul, teve papel de destaque durante a reforma do Instituto de Previdência do Estado (IPE), que fatiou o órgão para atuar independentemente nas áreas de saúde e previdenciária. A partir do trabalho de Aymoré na direção do DAP da AJURIS, foi garantido durante a reestruturação que cada um dos Três Poderes e órgãos autônomos ficasse com a gestão de seus aposentados.
Todo esse trabalho fez com que em abril de 2021, durante sessão solene do Conselho Deliberativo da AJURIS, Aymoré recebesse a Comenda Bonorino Buttelli pelos relevantes serviços prestados à Associação e a magistratura nacional, principalmente nas questões previdenciárias, especialmente pela tese por ele criada para acréscimo de 17% ao tempo de serviço dos magistrados do sexo masculino, acolhida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). “Só pude ser o que sou no ambiente da magistratura porque a AJURIS sempre foi minha casa, e no Tribunal tive colegas que me pegaram pela mão e me conduziram para o porto seguro. Eu me considero uma fruta caída do pé de uma árvore que se chama a magistratura do Rio Grande do Sul”, disse o homenageado durante a sessão, na companhia da esposa, Marciane, e cercado por colegas e integrantes da direção da AJURIS, todos presentes para celebrar uma justa homenagem.