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AJURIS critica postura do Executivo gaúcho para aprovar propostas na Assembleia

AJURIS critica postura do Executivo gaúcho para aprovar propostas na Assembleia

Imposição da Lei de Responsabilidade Fiscal foi aprovada sob regime de urgência,
em convocação extraordinária, e sem debate do projeto.

Repetindo a postura adotada pelo Executivo gaúcho durante todo o ano de não dialogar com as instituições e com a sociedade sobre os projetos que dizem respeito aos direitos dos servidores públicos e aos prejuízos aos serviços oferecidos à sociedade, projetos que atendem unicamente ao interesse do Governo foram aprovados na madrugada desta terça-feira (29/12), na Assembleia Legislativa, após 13 horas de sessão.

A AJURIS critica a forma açodada como foram conduzidas e aprovadas propostas como o PLC 206/2015, a Lei de Responsabilidade Fiscal Estadual, que permite ao Executivo congelar os vencimentos do funcionalismo, especialmente em momentos de crise, por 29 votos a 22 (3 emendas de partidos integrantes da base também foram aprovadas). O projeto foi votado sem um debate construtivo, o que impediu, inclusive, que parlamentares pudessem avaliar o teor da proposta e cotejarem com alternativas apresentadas por lideranças da União Gaúcha em Defesa da Previdência Social e Pública, por exemplo.

A PEC 242/2015, que retira dos servidores o direito a licença-prêmio assiduidade e cria a licença capacitação, foi retirada de pauta pelo líder do governo Alexandre Postal (PMDB). A matéria deve ser apreciada pelos deputados em fevereiro, com o fim do recesso parlamentar.

Mesmo sem justificativa de razão para a inclusão, projetos foram votados sob regime de urgência, valendo-se da estratégia de convocação extraordinária – aprovada por 31 a 22 –, com apoio de partidos que incluem a base governista. Para contar com o esvaziamento das galerias e a redução da pressão, a base governista inverteu a pauta da Ordem do Dia. Os projetos que impactam os servidores foram votados já na madrugada desta terça-feira (a sessão teve início às 15h de segunda-feira). “O rolo compressor do Governo agiu mais uma vez. Vimos, novamente, um Governo que não dialoga com a sociedade, que não permite o debate e o aprofundamento das matérias. O que presenciamos é um descaso com os servidores do Estado e ao rito democrático”, afirmou o presidente da AJURIS, Eugênio Couto Terra.

Apesar da intransigência do Governo em não permitir o amplo amadurecimento das propostas e de levar à votação, inclusive, projetos que sequer foram apreciados em comissões parlamentares, o presidente Eugênio Terra e o vice-presidente Administrativo, Gilberto Schäfer, atuaram junto aos deputados, de forma intensa, durante todo o dia. Os magistrados alertaram para a temeridade de se aprovar iniciativas sem o rito do pleno debate de ideias e da falta de necessidade do regime de urgência imposto. “O Governo age única e exclusivamente de acordo com seus interesses. Já havíamos visto isso na questão que envolve o reajuste dos salários dos servidores do Judiciário”, critica Eugênio Terra.

Especificamente sobre o PLC 206, Gilberto Schäfer reforça o entendimento da Associação de que a proposta não é aplicável ao Judiciário, que está submetido às restrições da Lei de Responsabilidade Fiscal Federal. O magistrado destaca que, ao impor normas de finanças públicas no âmbito do Estado, com restrições na área de pessoal, o Executivo interfere na autonomia financeira e de execução orçamentária dos Poderes.

Eugênio Terra destacou, ainda, que, diante da aprovação da matéria, o Conselho Executivo da AJURIS deverá se reunir na próxima semana, para avaliar as medidas cabíveis neste caso.


Cerceamento

A exemplo do que já havia praticado em outras sessões que envolveram projetos do ajuste fiscal proposto pelo Executivo, a Presidência da Assembleia Legislativa adotou um rigoroso aparato de segurança, com a presença de centenas de policiais militares, viaturas e gradis no entorno do Palácio Farroupilha, o que impediu o acesso e o trânsito de servidores em frente à Assembleia. Já na madrugada, houve registro de confronto entre servidores e apoiadores do Governo, nos corredores da Assembleia.

As medidas foram adotadas também no interior do Parlamento: além de limitar aos servidores o acesso às galerias, apesar dos lugares vagos, não foi permitido aos representantes de entidades e associações de classe o livre trânsito entre os espaços do Palácio, limitando o deslocamento e o diálogo, interferindo diretamente no processo democrático, que é tradicional do Parlamento.

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