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Violência doméstica é debatida em Seminário realizado na Escola da AJURIS

Violência doméstica é debatida em Seminário realizado na Escola da AJURIS

Em palestra,a especialista americana Ludy Green defende independência econômica como forma de enfrentar doméstica

Nesta sexta-feira (30/9) foi realizado na Escola da AJURIS o Seminário Autonomia Econômica e Violência Doméstica, promovido pela Ouvidoria-Geral da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul (DPERS) com apoio do Núcleo de Defesa da Mulher (NUDEM). O evento trouxe a americana Ludy Green, especialista em violência doméstica contra mulheres e crianças, fundadora e diretora da Second Chance Employment Services (SCES), colunista do Huffington Post e autora do livro “Ending Domestic Violence Captivity: A Guide to Economic Freedom”, mesmo título da palestra que proferiu no Seminário.

A Ouvidora-Geral da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul e coordenadora da ONG Themis – Assessoria Jurídica e de Estudos de Gênero, Denise Dora, conduziu a mesa, destacando a importância do debate sobre o tema, especialmente no Brasil, que tem a quinta maior taxa de feminicídios do mundo. Na abertura do evento, o presidente da AJURIS, Gilberto Schäfer, saudou a realização da atividade, defendendo que o tema dos Direitos Humanos deve estar presente de maneira permanente no trabalho de todos os juízes. “O Judiciário tem desenvolvido um papel importante na questão da violência doméstica, mas este tema exige um esforço permanente. Nossa construção se faz na luta do dia a dia”, apontou. Também acompanharam a atividade a Juíza de Direito titular do 1º Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Porto Alegre, Madgéli Frantz Machado, e a juíza-corregedora e coordenadora da Coordenadoria Estadual das Mulheres em Situação de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Traudi Beatriz Grabin.

A conferencista Ludy Green trabalha há mais de 20 anos no acolhimento e auxílio a mulheres vítimas de violência doméstica, e é fundadora e CEO da Second Chance Employment Services, organização que atua no sentido de garantir a segurança financeira de vítimas de violência doméstica e seus dependentes por meio da inclusão no mercado de trabalho. Em sua obra, “Ending Domestic Violence Captivity: A Guide to Economic Freedom” (Enfrentando a Violência Doméstica: Um Guia para a Liberdade Econômica), a americana defende que a independência econômica das mulheres é uma ferramenta essencial no combate à violência doméstica.

Em sua apresentação, Ludy apontou os diferentes tipos primários de violência (física, psicológica e econômica) e caracterizou os estágios do abuso a que são submetidas as vítimas. Explicou que nos Estados Unidos, uma em cada quatro mulheres é vítima de violência doméstica, e esta transcende a questão econômica, social e racial. Em pesquisa realizada com vítimas de violência doméstica, constatou-se que 94% delas sofriam algum tipo de abuso no sentido da restrição econômica, que as impedia de abandonar seus agressores. Neste sentido, fez uma analogia da dependência estabelecida entre as vítimas e os agressores com uma “cerca invisível”, que impede que as mulheres consigam reagir e se desvencilhar da relação abusiva.

A especialista trouxe dados que indicam que a violência doméstica nos EUA custa aos cofres públicos cerca de oito bilhões de dólares, entre despesas médicas (para o tratamento físico e mental), judiciárias, com políticas sociais e aparato policial. Apesar disso, aponta, não há recursos suficientes para a área; sequer existem albergues para acolher todas as vítimas e seus dependentes, o que faz com que muitas vezes essas pessoas acabem por habitar as ruas das grandes cidades: “na cidade de Washington vemos muitas dessas mulheres e seus filhos nas ruas”, conta a ativista. Em relação à situação brasileira, a americana reconhece que a Lei Maria da Penha é um bom passo, mas não é suficiente para oferecer solução ao problema.

Por meio de sua organização, além de prestar ampla assistência (inclusive jurídica) a mulheres vítimas de violência, Ludy Green forma parcerias com empresas e instituições a fim de qualificar e empregar essas mulheres para que, através do empoderamento e da autonomia financeira, reconstruam suas vidas e superem o ciclo de abusos e violência a que foram submetidas.

Apoiaram a realização do Seminário a Associação de Juízes do Rio Grande do Sul (AJURIS), a Escola da AJURIS, a Coordenadoria Estadual das Mulheres em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Tribunal de Justiça do Estado (TJ/RS), o Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, da Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa do RS, o 1º Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Porto Alegre, a Associação de Defensores Públicos do Rio Grande do Sul (ADPERGS), e a Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos de Porto Alegre.

 

 

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