27 jul Leandro Karnal destaca desafios do Judiciário no cenário atual
Palestra do historiador encerrará XII Congresso Estadual de Magistrados, em Bento Gonçalves.
Instigada pela velocidade dos fatos e pelo avanço tecnológico, a sociedade vive um período marcado pela ascensão de desafios diários que impactam o modo de agir, pensar e se relacionar em comunidade. Esse cenário, conforme destaca o historiador Leandro Karnal, tem posto a atuação do Judiciário em evidência, especialmente, motivado pelo momento de transformação política do país. “A velocidade de tudo aumentou, sem o tempo de escandir, pesar e avaliar cada item de uma decisão. O Judiciário está sendo demandado como o fiel da balança de toda a sociedade sem receber os devidos recursos, pessoas e tempo suficientes para atender essa demanda”, analisa o palestrante.
“O tempo da Justiça está sendo confundido com o tempo da opinião pública, que trabalha mais com o Talião do que com a reflexão”, crítica o professor. Para Karnal, mais do que nunca é preciso restaurar a noção de que todo ato vem acompanhado de uma consequência. “A fala individual não é a moral de todos”, lembra, sobre a crescente onda individualista.
Em setembro, Leandro Karnal irá participar do XII Congresso Estadual de Magistrados, promovido pela AJURIS. Com a palestra “Entre redes e muros: juízes e seus labirintos”, ilustrando o tema do evento, o historiador encerra a programação, que será realizada nos dias 28 e 29, em Bento Gonçalves, na Serra gaúcha.
Com mais de um milhão de seguidores no Facebook, o profissional tornou-se um dos mais aclamados palestrantes do Brasil. Gaúcho de São Leopoldo, Karnal é graduado em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e doutor pela Universidade de São Paulo (USP). Também atua como professor há mais de 30 anos, é autor de livros e percorre o país fazendo palestras sobre assuntos que vão de atualidades à religião e ética.
Redes e muros
Em um cenário marcado pela polarização política, a cultura do ódio é impulsionada pela ilusão do anonimato das redes e a falsa ideia de impunidade. Como destaca Leandro Karnal, tais características estimulam os mais secretos e inconfessáveis males do ser humano e trazem sérias consequências para o convívio em sociedade. “O ódio discursivo aumentou e colabora para um ódio prático e violento das ruas. Ele sempre esteve aí, mas as redes deram vazão a isso”, afirma.
Colocar-se no lugar do outro é essencial para enfrentar essa realidade. Segundo o historiador, falta sensibilidade humana. “As pessoas precisam aprender que palavras ferem e de que gestos de violência, quase sempre, são precedidos por discursos de violência. Liberdade de expressão não é campo para incitação ao crime”, destaca.
Juízes e seus labirintos
Viver em labirinto significa estar rodeado pelas suas mais variadas encruzilhadas e, principalmente, aprender a viver cercado pelas incertezas. “Juízes prolatam sentenças a partir da intersecção entre a lei, a hermenêutica da lei e a própria subjetividade do julgador. Não há como fugir disso”, lembra o professor.
Segundo Karnal, a atualização contínua é imprescindível para exercer a função jurisdicional, ampliando as condições de atender aos conceitos envolvidos com consciência. “Estudo e reflexão não eliminam subjetividade, mas aumentam a luz sobre nossos medos e inconsciências”, afirma.
Congresso Estadual
O Congresso também terá a participação de outros palestrantes referências na abordagem de temas da sociedade e da Magistratura na atualidade. No dia 28 de setembro, quinta-feira, será realizado o painel Muros e pontes no horizonte dos Juízes. O debate reunirá a juíza de Direito do Rio de Janeiro, Andréa Maciel Pachá e o doutor em Direito e professor da USP, José Reinaldo de Lima Lopes.
Na sexta-feira (29), pela manhã, o Ministro Herman Benjamin palestra a partir do tema central do evento, Entre redes e muros: juízes e seus labirintos. O magistrado irá trazer o olhar e a experiência de quem atua no centro das principais discussões políticas do país, bem como compartilhar os desafios vivenciados ao longo da trajetória profissional.
As inscrições para o Congresso podem ser realizadas através do link goo.gl/CzkYMQ.
Teses
O prazo para envio de teses está aberto. Para incentivar a participação, os primeiros cinco estudos submetidos irão garantir a isenção da inscrição ao autor. A tese deverá conter o título, o nome do autor, a justificativa, o desenvolvimento, as conclusões ou recomendações e as indicações bibliográficas, quando for o caso e deverá ser enviada à AJURIS, através do e-mail leticia@ajuris.org.br
Confira o regimento e outras informações sobre o Congresso: https://goo.gl/Gy7VXZ
Texto: Vinícios Sparremberger
Departamento de Comunicação
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