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Professores de ontem e de hoje, por Luis Carlos Rosa

Professores de ontem e de hoje, por Luis Carlos Rosa

Artigo de autoria do juiz de Direito Luis Carlos Rosa, publicado no dia 6 de agosto
em coluna semanal 
no Jornal das Missões, de Santo Ângelo

Outro dia desses fiquei estarrecido, como imagino que muitas outras pessoas também tenham ficado, com as imagens do vandalismo perpetrado contra a Escola Érico Veríssimo, localizada em um Bairro de Porto Alegre. Os danos materiais foram de tamanha monta que a escola teve que paralisar suas atividades, porém o dano maior nem foi o aspecto material, mas o sentimento de impotência, de frustração que assolou os professores, alunos, comunidade e sociedade.
A Escola é um templo sagrado e assim deve ser respeitado e cuidado. Ali são alfabetizadas crianças, ali se apreendem lições de convivência, na escola nos socializamos, depois das nossas casas a Escola é o lugar onde nossas crianças recebem o amparo, onde se formam os cidadãos. Quem poderia ser tão imbecil a ponto de depredar tão importante local de nossas vidas?

Não estou acompanhando as investigações, mas as informações preliminares indicam que o ato abominável foi praticado por alunos descontentes com alguns procedimentos adotados pela Direção, o que choca mais ainda. Não foram traficantes em represália à campanha contra a drogadição, como se aventou no início das investigações, nada disso, tamanha ignorância foi praticada por alunos do próprio educandário.

Decididamente vivemos em outros tempos, o respeito está se esvaindo pelo ralo, professores não são mais tratados como eram no passado, além de conviverem com salários achacantes, o que vem ocasionando uma redução gradual de procura pelas áreas da licenciatura, com repercussão na qualidade dos profissionais. Aqueles que resistem bravamente têm que fazer verdadeiros milagres com as migalhas que são direcionadas às escolas, fala-se que os repasses para merenda escolar da rede pública estadual, alcança, algo em torno de R$ 0,30, isso mesmo R$ 0,30 por aluno. O que fazer? Ou melhor, como fazer?

Mas não bastasse isso, têm os professores que conviver diariamente com a falta de respeito, com a falta de limites de alunos que afrontam a autoridade e a pessoa do professor, chegando em alguns casos às vias de fato, o que tem se tornado corriqueiro. O episódio da Escola Érico Veríssimo é um retrato triste e desolador da  situação vivenciada pela educação. Eu, pessoalmente, fiquei triste, dessolado, com o que foi noticiado, de braços caídos. O que passa pela cabeça desses alunos? Que instinto primitivo é esse? Como conviver com essas pessoas, sem excluí-los? O fato é que não se pode permitir que as poucas “maças poderes”, contaminem com suas idiotices, todo um conjunto de alunos que estão na escola, para estudar.

Me lembro com carinho e gratidão da Professora Eloisa, do Colégio Ana Luiza Ferrão Teixeira, Escola do Bairro Fátima em Passo Fundo, onde estudei da pré-escola ao ensino fundamental. Naquela não se desrespeitavam os professores, caso algum aluno cometesse uma travessura, assina o “caderno preto” e os pais eram chamados e aí …,. bom aí a coisa ficava preta.

Eram outros tempos, tempos de respeito tanto aos pais, como aos professores. A escola era querida por todos, era cuidada por todos, os professores tinham um “status” social, ganhavam relativamente bem, a profissão era cobiçada por muitos, em que curva do tempo se perdeu tudo isso?

Saudades do Colégio da Vila, da merenda farta, dos professores felizes, dos alunos cumprindo horários, do respeito mútuo. As férias eram boas, o retorno melhor ainda.

Um ótimo final de semana a todos.