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O Sentido da Vida, por Luis Carlos Rosa

O Sentido da Vida, por Luis Carlos Rosa

Artigo de autoria do juiz de Direito Luis Carlos Rosa, publicado no dia 27 de agosto
em coluna semanal 
no Jornal das Missões, de Santo Ângelo

Hoje ao parar para escrever essa coluna, fiquei parado olhando para a tela pensando em escrever sobre um assunto, outro assunto e as ideias não fluíram, ocorre que nesta semana em especial, fiquei muito chocado com o óbito da amiga e colaboradora das causas das crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, Maria Cristina Basso, a qual, de forma inesperada acabou nos deixando, me fazendo pensar acerca da brevidade e do sentido da vida, da necessidade de vivermos intensamente e de forma harmoniosa, de cultivarmos amigos, estender a mão a quem precisa, sem segundas intenções, fazer o bem, não desejando o mal.

Conhecendo a Cristina Basso no período em que foi Coordenadora do Lar do Menino tenho a convicção de que pautou sua vida por esse caminho, o que pode se perceber pelas inúmeras manifestações de carinho e consternação que foram endereçadas à família nos últimos dias e que pautou as redes sociais e os meios de comunicações locais.

Existem pessoas que passam por esta existência e, infelizmente, não deixam saudades, pelo contrário, como dizem as boas e más línguas “vão tarde”, o que absolutamente, não é o caso da querida por todos, Cristina Basso.

A dor da família é imensa, ainda mais quando a pessoa está bem e de repente, do nada, acontece uma coisa dessas. Perdi meu querido pai em situação semelhante há dois anos, dois meses e 27 dias atrás e vivi essa dor, contudo, pensar no exemplo de vida, na pessoa humilde, alegre, acolhedora, afável, sempre disposta a tudo e que viveu intensamente, me conforta todos os dias e com certeza confortará a família da Cristina.

A forma inesperada da morte, como aconteceu com meu pai e com a Cristina Basso, com toda a certeza causa uma dor ainda maior na família, contudo, hoje fico pensando que quem viveu tão intensamente e de forma tão pacífica com todos, não mereceria passar os últimos dias de sua vida em uma cama, sem autonomia, penando, ou vegetando. Já disse a minha esposa e a meus filhos que se puder escolher a forma como deixar essa existência, que seja exatamente assim, com qualidade de vida, o que, aliás, penso seja o desejo de todos.

Mas nós não temos esse poder de escolha, Deus não nos permite isso, não sei se teria a força de tantas pessoas e amigos que enfrentam a doença de forma tão altiva, sem esmorecer, confortando os que estão ao seu lado, como se não estivessem eles doentes, sem se lamuriar até o fim, essa é outra virtude de quem compreende os desígnios da vida.

Também vejo que não é fácil para a família confortar diariamente quem está acamado, enfermo, tentando animar, dando atenção, carinho a quem está desistindo de viver, são as provações que nos são colocadas e que bem ou mal temos que enfrentar.

O sentido da vida não está na ostentação, no acumulo de bens materiais, na vaidade, inveja e mesquinhez, nada disso, feliz de quem cultiva amigos verdadeiros, quem faz o bem sem pretender nada em troca, quem tem o reconhecimento dos outros por suas ações e não por uma posição social, quem estende a mão sem pensar em recompensas, quem tira a camisa para dar a quem dela precisa, esses podem morrer fisicamente, mas jamais espiritualmente, sempre estarão na memória das pessoas, como alguém que fez a sua parte por um mundo melhor.

Não pude estar nas últimas homenagens a Maria Cristina Basso, por estar em viagem, mas mais uma vez deixo aqui o meu reconhecimento e meus mais sinceros pêsames à família.

Um ótimo final de semana a todos.