10 set A Justiça veste pilcha
Para celebrar o mês Farroupilha, estão previstas a realização de duas audiências crioulas em processos das comarcas de Pelotas e Pinheiro Machado, na Zona Sul do Estado. As audiências crioulas, com os participantes (juízes, promotores, advogados, servidores e partes) vestindo pilcha ou vestidos de prenda e usando o linguajar típico gaúcho nos debates, intervenções e sentenças, já é uma tradição na Justiça há mais de uma década.
“A ação aproxima o Poder Judiciário da comunidade e presta homenagem à cultura gaúcha, além de mostrar de forma simples como se realiza uma audiência e como se dá o julgamento de um processo”, explica o juiz Marcelo Malizia Cabral, que vai comandar as duas audiências. No dia 14, às 20h, será no Centro de Tradições Gaúchas Lila Alves, em Pinheiro Machado. No dia 18, às 20h, no Largo do Mercado Público, em Pelotas. Nos dois momentos serão julgados processos de usucapião em que cidadãos buscam a regularização do título de propriedade dos imóveis em que residem.
Nos últimos anos, diversos magistrados já presidiram audiências em cenários típicos gaúchos nos municípios de Amaral Ferrador, Caiçara, Camaquã, Capão do Leão, Carazinho, Cerrito, Encruzilhada do Sul, Frederico Westphalen, Gaurama, Ijuí, Iraí, Muçum, Pelotas, Santana do Livramento, Taquaraçu do Sul, Torres, Viadutos e Vicente Dutra. Além do juiz Marcelo Malizia, também os magistrados Denise Dias Freire, José Luiz Leal Vieira, Marilde Angélica Webber Goldschmidt, Marlene Marlei de Souza e Osmar de Aguiar Pacheco fazem parte do grupo que aproveita as audiências para homenagear os gaúchos durante o mês de setembro.
O grupo apresentou sua proposta em um artigo escrito de forma conjunta, chamado de Justiça de Pilcha:
“Chega mais um mês de setembro e o Rio Grande se veste com as cores de sua bandeira e faz toda a questão de demonstrar seu amor e respeito às boas e seculares tradições.
Os gaúchos se trajam a rigor, com bombachas, botas e lenço no pescoço, enquanto as prendas se enfeitam todas faceiras e exibem seus vestidos rodados.
Orgulhamo-nos de nosso chimarrão, de nossas vestes, de nossos campos, de nossa história de perseverança na busca daquilo em que acreditamos e de nosso espírito de irresignação frente às injustiças.
Nos centros de tradições gaúchas, o Rio Grande se encontra, se reencontra e não se cansa de entoar seu hino e reverenciar seus bons costumes.
Exatamente em adesão a este espírito de congraçamento e na busca de demonstrar que o gauchismo pode ser cultivado em qualquer ambiente, o Poder Judiciário do Rio Grande do Sul, ao menos há uma década, tem se pilchado no mês de setembro, realizando seus julgamentos onde o povo se reúne e cultua suas tradições.
Ao sabor de um mate bem amargo, com lenço no pescoço, dentro de um galpão, de um CTG ou mesmo em praça pública e valendo-se de expressões e versos típicos do Rio Grande, juízes, servidores, advogados, defensores públicos, promotores e colaboradores do sistema de Justiça exercitam seu labor e homenageiam a cultura gaúcha.
São as audiências crioulas, audiências gaudérias ou audiências gaúchas, que a cada ano tomam mais fôlego Rio Grande afora, permitindo que o Poder Judiciário e os lidadores do direito mostrem à comunidade como se busca a realização de um direito, como acontece uma audiência e como se julga um processo de modo especialmente público, oportunizando um contato mais próximo, aberto, direto e franco desta instituição pública com a sociedade a que serve.
Deste modo, fica o desejo de que a cada ano o Poder Judiciário ande mais perto das pessoas e mostre a toda a comunidade, com orgulho e respeito à cultura de seu povo, como se realizam seus atos, como se ouve uma testemunha, como se julga um caso e, melhor ainda, que assim proceda homenageando os bons costumes deste valoroso Rio Grande. Que julgue e concretize a justiça em um CTG, galpão, praça ou onde estejam reunidos os gaúchos. Que a beleza dos versos das petições, dos pareceres e das sentenças suavizem o amargo do chimarrão e que seja à moda gaúcha: que a justiça se realize de pilcha.”
Audiências de épocas passadas
Amaral Ferrador (2009)
Encruzilhada do Sul (2009)
Camaquã (2014)
Capão do Leão (2015)
Carazinho (2012)
Iraí (2013)
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