fbpx

Congresso da AJURIS: Marcelo Gleiser defende uma narrativa de pertencimento para a humanidade

Congresso da AJURIS: Marcelo Gleiser defende uma narrativa de pertencimento para a humanidade

Coube a Marcelo Gleiser, cientista e pensador de renome internacional e cidadão do mundo que circula entre São Paulo, Nova York e a Toscana, na Itália, recuperar parte da história da humanidade e projetar um futuro possível em um mundo de extremos durante sua palestra na tarde de sexta-feira (19/9), último dia do XVI Congresso da Magistratura Gaúcha, promovido pela Associação dos Juízes do RS (AJURIS).

Gleiser recuperou a história da civilização humana e fez um alerta: o homem se desenvolveu em cima da terra em muitos momentos usando as riquezas debaixo dela, como o petróleo. Avançando no tempo, chegou ao Iluminismo, movimento cultural ocorrido na Europa a partir do Século XVII, que deixou extremos como herança: ficou a importância da ciência como caminho da verdade e a universalidade dos Direitos Humanos, mas também, destacou o palestrante, o brutalismo em forma de exploração econômica, racismo sistêmico, escravidão e colonialismo. “A vida passou a ser uma luta pela sobrevivência”, disse Gleiser.

A parte negativa da herança do Iluminismo chegou ao Século XXI na forma das crises ambiental, social e institucional: há o uso irracional dos recursos naturais, dilemas no trato de avanços tecnológicos como a Inteligência Artificial e o declínio das normas democráticas em diversos pontos do planeta. Gleiser identificou como fonte das ameaças existenciais uma visão do mundo fundamentada em crenças erradas, uma delas é a que coloca o ser humano acima da natureza.

Para uma plateia concentrada, Gleiser revelou o que considera ser fundamental para enfrentar esse momento. “Precisamos de uma nova narrativa para a humanidade baseada em uma ética biocêntrica de pertencimento e não de controle pois temos o dever moral de mudar nossa relação com o planeta que nos permite existir”, afirmou, para concluir: “A renascença que a humanidade precisa deve vir de nós, da ação de cada um de nós. O momento é de religação com o planeta para que nossos filhos e netos tenham uma vida melhor.”