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Congresso Estadual: Juízes e labirintos

Congresso Estadual: Juízes e labirintos

Em pouco mais de um mês, os magistrados gaúchos vão se reunir no seu XII Congresso. De 28 a 30 de setembro, estaremos debatendo as virtudes e dificuldades do Poder Judiciário neste momento nacional tão cheio de desafios.  Em 2017, o tema geral que nos inquieta resume-se no título: “Entre redes e muros, juízes e seus labirintos”. Um convite à autorreflexão e ao diálogo com a sociedade, que parte da realidade que nos circunda, complexa e ambígua. Nunca estivemos tão próximos, graças à tecnologia, mas nos separamos cada vez mais.

A Folha de SP acaba de publicar uma série, “Um mundo de muros”. Mesmo cada vez mais interconectados, erguem-se muros e cercas para bloquear os “indesejáveis”. Das 17 barreiras físicas existentes em 2001 passamos, segundo a reportagem, para 70 hoje. Separam fronteiras, dividem a mesma população. Alguns afastam refugiados, escondem a pobreza. Outros o medo, ou a guerra. Ou a desigualdade. Ou a mudança climática.

Também nos distanciamos espiritualmente. Testemunhamos, eventualmente sofremos, a virulência das redes sociais, às vezes tendo que decidir sobre o lixo digital, em cuja violência inaudita, no tribunal da quinta-feira, pessoas julgam em causa própria e circulam a pós-verdade, eliminando agentes mediadores (juízes, jornalistas, governantes). Para não falar da privacidade, oprimida pela transparência voluntária da web. E a vertigem da aceleração?

Nada nos é estranho. A desigualdade, os excluídos, a exasperação da disputa política, a clivagem ideológica, a violência simbólica na forma bruta dos protestos (ou na sua ausência), o perigo das ruas e a cultura do medo. Conflitos que deságuam em milhares de processos e processos, um volume que assombra e angustia juízes e partes. Percebemos o abismo entre a velocidade dos fatos sociais e a procissão, em contraditório, da linguagem jurisdicional.

E, no entanto, prosseguimos na tarefa de prestar justiça, vocacionados, cientes do quanto é urgente cimentar este alicerce civilizacional. Abertos ao pluralismo da cidadania, a partir da construção coletiva, estaremos escutando vozes relevantes e comprometidas, como a da juíza de família do RJ, Andréa Pachá, a do professor da USP José Reinaldo de Lima Lopes, a do professor da Unisinos José Rodrigo Rodriguez, a serena e altiva voz do Ministro Herman Benjamin, as reflexões de Leandro Karnal. E discutindo teses e propostas apresentadas pelos magistrados, na busca de melhores práticas e visões.

Porque é preciso aprender a navegar nos labirintos, uma competência coletiva que vamos aprimorar em nosso XII Congresso Estadual.

Comissão Científica
Rosana Broglio Garbin (coordenadora)
Cláudio Luís Martinewski
Jayme Weingartner Neto
Roberto Ludwig
Marcel Andreata de Miranda

 

Departamento de Comunicação
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